Instalação multidisciplinar com relva, luz, oração [50 folhas de papel] e sistema de som.
Dimensões variáveis

Aqui estou eu, assim se inicia o poema A imortalidade da alma de Friedrich Hölderlin, escrito entre 1784 e 1788.
Aqui estamos nós, no início do século XXI, a assistir, catatónicos, à metamorfose do mundo com as almas penhoradas.

A pilha de folhas pousada no plinto, guarda o primeiro verso do poema de Hölderlin. Por entre o vazio dos caracteres, a luz desenha as palavras. Ao entrar na sala, os corpos transeuntes pisam o relvado que, por entre os tacos, se sobrepõe ao cimento. O som desta passagem, amplificado, escapa pelas paredes do plinto que pretende elevar o poema. Este lugar é ainda preenchido por uma paisagem sonora gravada in loco no alto das montanhas de Cortina D’Ampezzo, sob a luz da aurora matutina.
Assim se une poesia, luz, palavra e som, numa instalação que confronta o natural com a tecnologia.

​Aqui estou eu, sobre a colina, e olho em volta
Vendo a vida nascer, tudo a crescer,
E bosques e prados, vales e colinas
No júbilo magnífico da luz da manhã.

      Friedrich Hölderlin, 1784 e 1788

Fotografias: Francisca Dores