Vidro soprado, fio de aço e pedra
Dimensões variáveis

[Vidro executado com a ajuda do Mestre Noel Francisco no CENCAL, em 2021]

      Dois corpos, distintos na sua condição, relacionam-se em simbiose. O peso da fragilidade de um corpo de vidro em suspensão equilibra-se com o peso de um pequeno bloco de granito. A cor do vidro, próxima do âmbar, pretende fazer uma analogia, tanto com a sua matéria luminescente, ainda em estado de fusão, como com a resina vegetal que se transforma em fóssil. Por sua vez, a pedra granítica, retirada laboriosamente da terra, ajudou, outrora, a edificar as paredes de uma casa.
O sopro da respiração, inscrito na “bola” de vidro quente, teimou em libertar-se da opressão de duas forças exteriores que procuraram oprimir um universo onírico.
À espera de um sonho, com um leve bafejo freudiano, representa no seu âmago um lugar de introspecção, de acolhimento de um estado de vazio primário e fértil.

 

Fotografias: Francisca Dores