Mármore de Estremoz, gesso e pó de carvão
Dimensões variáveis

     À flor da pele II abraça um segundo acto performativo. Caracterizado por uma sedução virtual e por um tempo efémero, procura reflectir sobre um «amor» cujo significado se esvaziou, se apagou. Já nada se demora.
     As tocantes palavras de Cet Amour (1946) de Jacques Prévert exaltaram esse acontecimento. Agora, em à flor da pele II, as mesmas palavras estão espelhadas e sulcadas no mármore frio. Sobre os seus vazios, o corpo pesa demoradamente e preenche-os. Deixa ler fragmentos do poema. O corpo fala em silêncio na fronteira da impossibilidade. A carne une-se com a alma. Os vários pedaços de gesso vão-se agrupando e o corpo, reduzido na sua fragilidade, multiplica-se numa pluralidade óssea. Despojos de matéria orgânica onde a textura da pele se mistura com a prototipagem maquinal dos caracteres.
     Este é o território de uma experiência inscrita, de um «corpo-afectivo» relutante a uma virtualidade contemporânea.

Fotografias: Francisca Dores